No domingo, o lateral-direito Daniel Alves, provocou uma reação mundial após mais um
ato de racismo no futebol. Um torcedor atirou uma banana perto do
jogador, durante a partida entre Barcelona e Villareal, pelo Campeonato
Espanhol, e, em resposta, o atleta comeu a fruta. Na sequência,
manifestações de apoio foram registradas nas redes sociais em todo o
mundo. Entre elas, a do companheiro de clube.
Daniel promoveu uma reação interessante, deu visibilidade ao debate sobre racismo, mas como sempre acontece no mundo capitalista, tudo pode tornar - se um produto. O que deveria ser um ato de repúdio acabou tornando - se um "meme" nas redes sociais, na qual as pessoas estão se aproveitando para promover-se.
Agora, descobre-se que o ato de apoio do jogador Neymar Jr., o primeiro famoso a divulgar a #todossomosmacacos, não passa de uma campanha publicitária.
Enfim, mas ser ou não uma campanha publicitária não é o problema, e sim o fato de que falar que somos todos macacos é uma forma de desmobilizar o agressor e fortalecer a ideia de que devemos absorver ofensas racistas. Como se estivéssemos falando: "quando te chamarem de macaco, leva na brincadeira que é melhor! Se você se irritar, aí é que o o apelido pega!” ou, “Sofram calados, não façam escândalo, levem na esportiva”.
Não somos todos macacos, somos seres humanos e somos todos iguais. A comparação entre negros e macacos é racista em sua essência.Coloca o negro em uma posição subalterna em relação ao branco, ao aludir
a um animal que apesar de semelhante aos humanos está alguns andares
abaixo na escala evolutiva. Esta campanha #somostodosmacacos reforça estereótipo que o movimento negro brasileiro tenta combater há anos. Não podemos, diante de um ato de racismo, simplesmente, ignorar e rir. E
achar bonitinho quem está dizendo que é macaco porque foi sua celebridade
preferida que o fez ou imaginar que quem está indignado e "fulo da vida" com essa
estratégia ridícula é um mal humorado ou recalcado é demonstrar ignorância da
sua própria história.
Se somos
tão conscientes de que já o superamos, porque as celebridades, inclusive,
as de pele clara, não apareceram em suas redes sociais dizendo “somos todos
negros”. Assumir
que somos macaquinhos é bem mais fácil. Fica ainda mais viável para gente
que nunca soube o que é ser vítima do racismo ou faz de conta que não entende
quando ele se materializa inclusive do ponto de vista simbólico.
Lembrem a esses meninos que eles são negros e que o dinheiro e a fama não os tornam brancos!
Banana, definitivamente, não serve como símbolo de luta contra o racismo, pois, reafirma na medida em que relaciona o alvo a um macaco e
principalmente na medida em que simplifica, desqualifica e pior,
humoriza o debate sobre racismo no Brasil e no mundo.Enquanto acharmos que ser chamados de macaco está OK, estamos ignorando a
luta de muitos negros e negras que deram suas vidas para que se possam
assumir sua cor, seu cabelo, seus traços, suas origens.
CHEGA DE RACISMO. NINGUÉM AQUI É MACACO!
Se
somos tão conscientes de que já o superamos, porque as celebridades,
inclusive, as de pele clara, não apareceram em suas redes sociais
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