RESUMO
Esta resenha trata
a respeito da estrutura da classe trabalhadora e a maneira pela qual ela tem se
transformado ao longo do século e inclui a evolução do processo do trabalho
dentro das ocupações, bem como as alternâncias de trabalho entre as ocupações. O
extraordinário desenvolvimento da tecnologia cientifica da produtividade do
trabalho e, em certo grau, dos níveis ordinários de consumo da classe
trabalhadora durante este século, tiveram, um profundo efeito sobre os
movimentos trabalhistas em geral. A classe trabalhadora sindicalizada,
enfraquecida no seu ímpeto revolucionário original perdeu cada vez mais animo e
ambição de arrancar o controle das mãos capitalistas, e tendeu mais a barganhar
por participação do trabalho no produto. A falência da ideologia comunista
soviética abriu o caminho para um neomarxismo que empreendia novos enfoques dos
problemas do capitalismo e socialismo, a insatisfação centrava-se não na
incapacidade do capitalismo proporcionar trabalho, mas quanto ao tipo de
trabalho que ele proporciona e o desafio
da economia solidária diante deste cenário de precarização do trabalho e
desemprego,baseado na solidariedade entre os trabalhadores e não na competição.
PALAVRAS-CHAVE: Trabalho, capitalismo, globalização, economia
solidária.
Nas
últimas décadas têm sido esbanjadas inúmeras referências e análises que tentam
descrever e explicar as transformações que vem ocorrendo na realidade do
trabalho. No decorrer desse processo de mudanças guiado pelas inovações
tecnológicas e pela chamada globalização, parece ter se consolidado a crença de
que tais fenômenos vieram para ficar.
Embora
as altas taxas de desemprego não representem o fim do trabalho, há que se
admitir que a natureza do desemprego e as novas modalidades de trabalho
redefinem aspectos centrais da vida social. Nesta perspectiva, discute-se se
estaríamos ingressando numa nova sociedade.
No
livro Sociologia Geral de Lakatos, ao analisar a questão histórica da divisão
de trabalho, é colocado que, a divisão de trabalho pode basear-se em
habilidades especiais aliados a outros critérios, como no período medieval com
a rígida estratificação em aprendiz, oficial e mestre-artesão. A passagem de
uma etapa para outra tem como base a habilidade, critério que se consolida com
as corporações de oficio, devido a imposições de provas para medir as
respectivas aptidões. Com o inicio da industrialização, esta hierarquia
profissional se rompe: as maquinas rudimentares e de fácil manejo não mais
exigiam qualificações especificas. Por esta razão, encontramos, nas fábricas, o
trabalho de adolescentes e até crianças de pouca idade.
O
desenvolvimento tecnológico, com a utilização de maquinas cada vez mais
complexas, leva à exigência de qualificação e especialização da mão-de-obra.
Portanto, a divisão de trabalho, na sociedade industrial, repousa cada vez mais
em habilidades especiais adquiridos na escola.
Chinoy
analisa em seu livro Sociedade: Uma Introdução à Sociologia, a divisão do
trabalho produzido pela tecnologia moderna e a complexa organização da economia
moderna resultam não apenas nas tarefas simplificadas do trabalhador de fábricas,
mas também num aumento cada vez maior de serviços, que requerem grande soma de
habilidades e conhecimento altamente especializados. O grau de especialização
entre médicos, advogados, cientistas e engenheiros é talvez um lugar-comum, mas
há também os que se especializam, por exemplo, nas vendas pelo reembolso
postal, no emprego de acessórios áudios-visuais na educação, na redação de
compêndios escolares, na determinação das causas dos acidentes de aviação. A
especialização profissional conduz à multiplicidade de papeis sociais
diferenciados, que requerem não somente pericia técnica, mas também
habilidades, valores e atitudes sociais. As qualidades pessoais, complexas e
não raro sutis exigidas em algumas ocupações, são ilustradas claramente nos
anúncios que se fazem para contratar trabalhadores, para ser bem sucedido, o trabalhador
não basta ter talento e habilidades técnicas, mas também qualidades pessoais
como bom humor, tato, calma, lealdade.
O
trabalho e o capital são pólos opostos da sociedade capitalista, esta
polaridade começa em cada empresa e é concretizada em escala nacional e mesmo
internacional como uma gigantesca dualidade de classes que domina a estrutura
social.
Na
última década do século XX, após a queda do socialismo e a afirmação do
capitalismo como sistema único, as ideologias revolucionárias se enfraqueceram.
Paralelamente, o avanço tecnológico permitiu enormes ganhos de produtividade
das empresas do Primeiro Mundo, acelerando a concentração do capital e a sua
penetração em todas as partes do globo, buscando tanto sua ampliação de mercado,
quanto mão-de-obra barata. Em ambos os casos o objetivo dessas empresas é
elevar ainda mais a sua taxa de lucro.
Os
anos 80 foram palco de uma forte crise no padrão de desenvolvimento construído
ao longo das décadas anteriores – migração das cidades do interior e do meio
rural para os grandes centros urbanos em função do processo da industrialização
que institucionalizou as relações de trabalho – com a transição do modelo de
desenvolvimento fordista para o modelo de acumulação flexível no qual o capital
se internacionaliza se concentra e exclui grande parcela da população do
mercado de trabalho. Sendo a globalização inevitável, a alternativa mais
sensata é organizar-se para conviver e coexistir no sistema de mercado.
A
partir dos anos 90, o peso dos encargos não permitiu às empresas contratar por
medo de não poder renegociar os salários, as jornadas de trabalho, as normas de
demissão. Pois, o Brasil é um país de encargos altos e salários baixos, o que
faz o trabalhador receber pouco e custar muito para a empresa, como
conseqüência à diminuição dos empregos formais na economia, os próprios
sindicatos tem o seu poder de barganha diminuído. A luta dos sindicatos tem se
concentrado muito mais na preservação dos empregos do que na criação de novos
empregos.
O
avanço da globalização e da falta de mecanismos institucionais de proteção,
aqueles que perderam seus empregos e não tem conseguido retornar ao mercado
formal de trabalho ou desistiram de procurar emprego e caíram na marginalização
ou buscaram alguma forma de sobrevivência no mercado de trabalho informal.
Diante
da emergência de combater o desemprego e das urgências por ele provocadas,
sugerem-se então, a partir de diversas experiências concretas de gestão e
organização solidária, que estamos no limiar de uma alternativa não capitalista
de organização do trabalho.
É
por essa razão que estão surgindo teorias alternativas à visão convencional.
Uma das mais difundidas é a chamada economia solidária, que trás de volta o
projeto cooperativista.
A
economia solidária surge como resposta ao desemprego e a precarização do
trabalho, procura valer-se do ideal de solidariedade dos indivíduos para tentar
garantir a sua subsistência e emprego, propondo novas formas de organização da
produção, à base lógica oposta àquela que rege o mercado capitalista, fazendo
uso da prática da solidariedade em lugar da competição.
Segundo
o autor Gaiger em Significados e tendências da economia solidária,a existência
de diferentes formas de associações de trabalhadores para a geração de trabalho
e renda sob os princípios da cooperação, é possível focalizar essa nova
realidade tanto sob o prisma de uma economia alternativa, porque diferencia-se
das relações fundadas na lógica capitalista, quanto sob o prisma das
alternativas econômicas, que podem significar empreendimento viáveis com os
quais os trabalhadores desempregados possam vir a recriar suas vidas, tendo-se
o cuidado para não perder de vista os limites e contradições dessas novas
experiências.
Na
atual conjuntura socioeconômica e política que o Brasil está enfrentando,
caracterizada por um novo modelo de desenvolvimento político e econômico
neoliberal em conjunto com novo paradigma produtivo-organizacional, é
necessário pensar em alternativas estratégicas de inserção dos trabalhadores
que estão fora da economia formal no resgate de suas condições mínimas de
sobrevivência e cidadania. O maior desafio nesse inicio de século é encontrar
um caminho que concilie as potencialidades de liberação de um mercado
competitivo com os controles institucionais na busca da redução sistemática da
desigualdade e das exclusões sociais.
Nesse
contexto, a economia solidária pode ser uma alternativa possível ao processo de
exclusão social, econômico, político inclusive no combate à precarização das
relações de trabalho, das condições de trabalho e de vida.
O
caminho cooperativo precisa ser construído pelos trabalhadores e suas
organizações, visando, ao mesmo tempo, superar a cultura da reivindicação e da
delegação e criar um ambiente propício a que tais trabalhadores tornem-se
sujeitos conscientes e ativos do seu próprio desenvolvimento.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRAVERMAN, Harry. Trabalho e Capital Monopolista: A
Degradação do Trabalho no Século XX. 3. ed.Nova York:LTC,1987
CHINOY, Ely. Sociedade: Uma Introdução à Sociologia.
20. ed.São Paulo: Cultrix,2008
GAIGER, L.I.
Significados e Tendências da Economia Solidária. Central Única dos Trabalhadores. CUT. p.29-42,1999
LAKATOS, Eva Maria. Sociologia Geral. 6. ed.São Paulo:
Atlas,1996
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